quarta-feira, 13 de março de 2013

UM POETA CHAMADO ANTONIO VENTURA ELY VIEITEZ LISBOA



Coração não tem cronômetro. Para mim, há muito pouco tempo, ANTONIO
VENTURA era um adolescente sonhador, enamorado das palavras. Era poeta e ganhava todos os prêmios literários da cidade, no começo da década de 60. Contam que ele até fazia compras por contado prêmio que viria e ele chegava sempre. O adolescente meio nefelibata, que vivia cismando em cima dos livros de poetas consagrados, cresceu. Sempre escrevendo, ganhou Prêmio de Honra ao Mérito do Concurso de Contos, de âmbito nacional, promovido pela Secretaria de Educação e Cultura do Estado de Santa Catarina. Obteve o primeiro lugar em Conto e em Poesia. Prêmio “Governador do Estado”, no concurso promovido pela Secretaria de Educação e Cultura do Estado de São Paulo. A vida é ilógica e inesperada. O Poeta amadureceu, casou-se, virou advogado. Senti-me feliz, ao receber estes dias, dois belos poemas seus. Significa que o POETA e o ADVOGADO estão conseguindo coabitar juntos. Segue abaixo um de seus poemas, de grande beleza, imagens ricas e um forte sensualismo.

AMADA

Ó amada!
Quero tua boca, fruto fresco
da manhã, para matar minha sede.
Ó amada, quero teus cabelos
para fazer minha morada e minha teia!

Ó amada!
Quero teus braços longos para a carícia
de que careço. Quero tua nuca
para nela dançar com meus lábios e língua
a canção do amor!

Ó amada!
Quero teus seios, teu ventre, tuas ancas
dançarinas, teu misterioso umbigo,
tuas coxas opulentas para nela depositar
a saliva de meus lábios!

Ó amada!
Quero tuas nádegas, para contemplar
o mistério da criação! E quero
teu sexo úmido e quente, onde depositarei
o feto do amanhã!

Ó amada!
Quero teu corpo todo, sorrindo
como teus olhos, holofotes da vida
clareando a escuridão
das crianças ilhadas!

Ó amada!
Depois do orgasmo humano,
quero tua alma, teu espírito iluminado
para lançar no mundo a semente
da eternidade.

Publicado na coluna “Literatura Hoje e Sempre”, Jornal “A Cidade” de Ribeirão Preto, em
26.04.1987.

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