Para o poeta Mário Chamie
Não quero lavrar a palavra
se a lavra da palavra
não vier com o cheiro
do sangue da terra.
Não quero lavrar a palavra
somente pela palavra
se a lavra da palavra
não trouxer o sol
e a esperança do sol.
A lavra da palavra
não pode cair no vazio
da cisterna sem água.
Nem da boca sem sede.
Aceito somente a lavra da palavra
se a palavra vier com o sol
se a palavra vier com o cheiro
da terra vermelha que se ara
na lâmina do arado,
aceito esta lavra palavra
somente se houver a esperança
do sol
sobre o cheiro e sobre o sangue
da terra.
Não, não quero a lavra
da palavra somente pela palavra.
Quero a lavra da palavra
somente quando trago
na lavra da palavra
o sol
no cio
sobre a cisterna
cheia de água.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe aqui o seu comentário ou mensagem para o autor.