quinta-feira, 1 de maio de 2014

O GUARDADOR DE ABISMOS - FALTA MENOS DE UMA SEMANA PARA O LANÇAMENTO

*O poema a seguir está no livro O GUARDADOR DE ABISMOS que será lançado dia 17 de maio na Livraria da Travessa, no Rio de Janeiro. Clique no link para acessar o evento no Facebook e deixe sua mensagem. https://www.facebook.com/events/622376744525821/

ABRIL
       Um pequeno vento frio e úmido passeia nesta manhã de abril trazendo presságios de inverno. Pela janela onde escrevo, vejo um muro de blocos, telhados, e à beira do muro, no quintal, dois mamoeiros. Carregados de frutos, tronco, talos ocos e folhas verdes como lanças.
Nas ruas, mais longe, alguns cães latem.
Um jovem pardal salta sobre o muro, dá pulinhos e vai embora. Na linha férrea, um comboio passa, perto de casa, em frente na avenida carros também passam, uma janela se abre, uma réstia de sol sobre a mesa onde escrevo me invade e a cidade acorda.
Ainda um pequeno vento frio e úmido passeia na manhã acordada, agora mais clara e mais nítida.
Manhã de abril.


2. AINDA ABRIL

Não posso sofrer, só porque nesta tarde de abril ainda chove e o dia todo está cinzento. Não posso sofrer, porque uma janela ainda se abre e o vento balança o verde das árvores e o verde dos frutos, não devo sofrer, porque os pingos vão caindo sobre a água em cima do cimentado e, quando eles tocam água na água, tudo respinga de maneira brilhante.
Não posso sofrer, porque ainda é abril.

3. ABRIL AINDA

Ainda é abril.
A mesa onde escrevo é amarela, mas a tarde através da janela é cinza, e chove. Um vento úmido e confortavelmente frio entra em pequenas rajadas pela janela e pela porta aberta.
A tarde é de abril e parece antiga. Como antigos somos nós, que não envelhecemos como as chuvas, como o vento que sempre é vento.
A tarde de abril está úmida e grávida. Dois verdes mamoeiros estão carregados, no quintal, perto do muro de concreto. Desde criança conheço mamoeiros e a história continua em seus talos verdes, suas folhas pontiagudas como espadas.
Um cão late em frente, perto da avenida. Alguns outros respondem. Também desde criança conheço os cães e até hoje são os mesmos. E latem na tarde de abril, inconsoláveis.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe aqui o seu comentário ou mensagem para o autor.