A Tribuna da Magistratura, veículo de comunicação da Associação Paulista de Magistrados (APAMAGIS), publicou o poema Paisagem marítima - Ulisses, do livro O catador de palavras, com ilustração de Tânia Jorge.
Como o acesso à revista é restrito aos associados, disponibilizamos aqui a íntegra do poema.
Antes
de tudo é essa vontade constante
de
viagem que trago no peito, e até
na
alma. É de nascença, sempre fui assim.
A
sede é minha irmã, por isso navego
por
mares calmos e perigosos.
Estarei
para sempre enfeitiçado
por
isso mando meus feitiços,
mas
um dia prometi
que
voltarei para casa
e
reverei Penélope.
A
aventura da ave, da águia, da pomba,
os
passarinhos e mesmo a serpente
enrodilhada
é
meu lema, meu remo, minha nuvem.
Mas
Ulisses é sempre estrangeiro,
mesmo
dentro de sua própria casa.
Estou
perdido e me encontro
sempre
num ponto fixo;
e
na verdade não faço parte
das
metafísicas exatas.
Ulisses
é um herói de propostas várias.
Ulisses
é muitos e não tem uma só cara.
Ulisses
não é fácil personagem
nem
tão difícil. Ulisses quer apenas
essa
tarde de sol maduro
plantá-la
como planta em algum coração
perdido
e enfeitiçado.
Penélope,
te deixo estes fios, estas linhas,
para
teceres no tear mais uma vez infinito.
Pega
a linha do Kaos
e
tece uma a uma o tempo necessário
de
minha espera.
Penélope,
espera, não tenhas tanta pressa
que estou em toda parte.
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