A poeta Débora Ventura ao lado do marido, o poeta Antonio Ventura |
A família Ventura convida você e sua família para o lançamento do livro A NAVEGANTE, da poeta Débora Ventura, que será realizado hoje, a partir das 19h, na Livraria da Travessa do Ribeirão Shopping.
Os 40 poemas contidos no livro foram escritos por Débora entre 2.000 e 2.014. A autora já participou de várias coletâneas, mas este é seu primeiro livro individual.
A NAVEGANTE foi prefaciado por Antonio Carlos Secchin e apresentado por Carlos Nejar, ambos membros da Academia Brasileira de Letras.
Os artistas plásticos Tânia Jorge e Marcos Irine
assinam a capa e as ilustrações, respectivamente.
Leia , a seguir, o texto de Carlos Nejar.
O VERSO ( IN)TENSO E PURO DE DÉBORA VENTURA
A descoberta de uma verdadeira poeta é descoberta de
estranho e habitável mundo. Porque mundo é o que sai do poema e mais, de uma
amiga do vento. É simples como a água e o pão e sacia a sede e alimenta. Por
sermos ávidos do que é simples, límpido e permanente, como o movimento da vida.
Assim é este livro da Débora, A navegante, que pode ser a Débora bíblica pelo
senso de realidade e é de Débora Ventura, que pega as coisas pela mão da
palavra, como a poesia quer. O verso intenso com textura de orvalho. Não pensa
o verso, o verso que a pensa. É genuína como uma Cora Coralina, de Goiás e Cora
Torres, de “Vento de Altura”, no Rio Grande. Poesia que é feminina,
substantiva, suave, com limpo horizonte e coragem de “o poema desfazer-se
inteiro diante do espelho”. E no dizer
de Jean Cocteau, “os espelhos preferem refletir um pouco antes de reenviar as
imagens”. E o espelho de sua imaginação cintila no falar das metáforas. Poeta
de mão verdadeira que cresce a semente . Ou tem segredos na prateleira dos
símbolos, com o dia vindo pela janela. Sim, Débora é surpreendente e possui “o
pensamento escorrendo pelas arestas do osso”. E há um osso de verdade nas
imagens claras como nuvens que se
sucedem. E que o leitor vai reconhecer, por ter voz própria, voz generosa de fonte, voz que
precisa ser ouvida e que não guarda pedra, por se “guardar humana”. Não somente
porque “viver é preciso”, mas também o ato de “continuar é preciso”. Não carece
de vocábulos exatos, carece de entrega ao ser amado. Tecendo sua juventude,
desenhando o sol, a casa ou árvore, sem deixar de contar, fio a fio, a existência.
Sim, esta poesia necessita de sol e margem e sabe conduzir o leitor, tocando a
sua alma. Com tal mistério não pede explicação. Como o “sono da noite”, que abraça a cidade, o medo.
E é o mencionado Jean Cocteau que afirma que se “reconhece
um poeta, não pelo estilo, mas pelo olhar”. E o
olhar, aqui, é cristalino. Ou, no parecer de Mário Quintana, ”o poeta é
uma voz reconhecível dentre as outras”. O que sucede neste livro. E ao ver que
“a vida é efêmera”, capta o instante para eternizá-lo. Já que a poesia encaixa
apenas na luz.
CARLOS NEJAR
da Academia Brasileira de Letras
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