sexta-feira, 20 de março de 2015

CARTA PARA DÉBORA

Poema publicado no livro "O guardador de abismos"

Qual a cura para a tristeza, se a alegria foi embora com o inverno que curvou nossos corpos na semeadura dos campos de trigo? Mas não, logo virá a primavera, o sol banhará a terra sedenta de flores e banhará o verde dos campos ainda não devastados e a luz que inunda o mundo inundará as flores verdes dos campos verdes, minha bela. Amor que amo, não somente porque chegará a primavera, mas principalmente porque chegará a primavera e andaremos descalços na enxurrada, logo após as grandes chuvas. Te amo mesmo, muito mais pelo amor do amor somente do que pela primavera que está chegando, no futuro cheio de luz e flores nos jardins invisíveis de nosso ser, no jardim invisível de nosso amor, porque é sabido que te amo, não somente por causa da primavera, mas também porque logo chegará o verão e o mar canta nas praias azuis, onde o sal branco brilha ao sol de verão, ah, minha bela, quando lembro de teu corpo dourado ao sol do meio dia, te amei mais do que o amor que ama o próprio amor e no fim das avenidas te amei, não somente porque chegará a primavera e não porque somente chegará a luz que banha o verão e banha as praias, as ruas, as piscinas e banha a luz sobre os verdes das árvores das gramas e dos arbustos. Tudo, minha bela, somente porque chegará a primavera e te prometo vento em teu cabelo, em teu rosto, vento ventando pelas ruas do mundo e principalmente os ventos que ventam na pequena cidade onde moramos na rua dos Flamboyants, ah, pelo amor do amor te amo, no cair da manhã, no cair da tarde, no cair da noite te amo desesperadamente,

igual a criança que te amo já perto da primavera cheia de flores nos jardins e nas paredes dos muros cheios de musgos e cheios de maravilhas, maravilhada és tu, ó amada, criança ao vento, passarinho que canta para mim, tua presença me estremece como o voar do pássaro que voa docemente no azul da primavera, minha bela.

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