sábado, 31 de janeiro de 2015

POIS É, MINHA BELA

Poema publicado no livro O GUARDADOR DE ABISMOS.
Para Débora Soares Perucello Ventura.

POIS É, MINHA BELA

Pois é, minha bela, dormes e nem sempre estarei permeando teus sonhos que são somente teus. No espaço de cada átomo substancial do universo curvo, onde a curvatura é uma reta que volta sempre às suas origens.
    Grandes são teus olhos, que a tudo veem. Na noite vasta, teus olhos dormem, ou apenas cochilam, esperando para acordarem com o mais tênue suspiro? Não importa, teus olhos são enormes, minha bela, e devoram o luar.
    Pois é, minha bela. O herói conquistou Troia, não somente pela força, mas pela astúcia. Assim diz a lenda. Ah, Helena! Helena! Uma mulher provoca a primeira guerra do mundo.
    Não sei por que estás muda, minha bela. Lá fora a noite descansa sobre os ventos gelados. Eu queria ser menino, para te proteger deste frio. Para saltar sobre a relva perdida, orvalhada na manhã. Para te trazer o sol numa bandeja.
    Quase sete horas desta manhã de domingo. O dia amanhece. Os primeiros pardais piam nos telhados. Outros pássaros fazem barulho, no início da manhã cinza e um pouco fria. Casal de bem-te-vis gritam pousados no muro do quintal. Realmente o dia amanhece. Bom dia, minha bela.



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe aqui o seu comentário ou mensagem para o autor.