quinta-feira, 6 de novembro de 2014

NADA COMO O TEMPO PARA PASSAR

 Poema publicado no livro O guardador de abismos



         Meu Deus! Nada como o tempo para passar! O tempo está passando mais depressa que a teoria de Einstein! Onde foi o anjo, o anjo que é criança, da infância? Flores nasciam nas cercas verdes dos matos. O cheiro de mato subia com o calor do sol quente sobre o verde das árvores. Mas tudo isto é saudosismo. A criança que fui brinca apenas dentro de mim e nas ressonâncias do tempo: To-ni-nho! To-ni-nho!
Que alegria a água caindo pelas calhas nos dias de chuva. Os pirilampos chamavam-se vaga-lumes, vaga-lume tem tem, teu pai está aqui, tua mãe também.
Madrugada igual a nada. Vi, à tardinha ainda clara, vi no céu azul autêntico, um avião suspeito riscando o céu, deixando um rastro de fumaça, perto de um arco-íris no céu nitidamente azul, depois de rápida chuva. Ah, como eu quero o azul, meu Deus, como eu quero o azul.
Sempre tive dúvidas do amor que já está maduro para morrer num abraço eterno. Por que o amor, somente se justifica para dizer que gozo e gozo e gozo durante o dia e gozo à noite, perto do mar?

O mar é nosso companheiro fiel, que não nos conhece. Sua natureza é se perder em água que salga a água e salga a areia, salga o saco dos homens que nele entram, salga o pinto dos homens que nele mijam.
A força vem devagar, depois se fixa com a finalidade do gozo da mulher amada que geme com sinceridade, ou só da boca para fora.
Meu medo é ser iludido feito presa de Circe, feito Ulisses enfeitiçado. É certo que um dia enganei Circe, depois de perder o espaço e o tempo em que estive no mar. Mas não posso deixar que Circe me transforme em animal, só para seu prazer. Circe me enfeitiçou na praia do nada, onde vi o tudo e a ilusão de que deixamos um balde sozinho na areia. Eu quis ser brinquedo e quis brincar, igual aos meninos que saltavam dentro do pequeno rio, que corria no fundo de minha aldeia.
Chega de saudade, como dizia a antiga música! Onde está o meu amor agora, dormindo ou sonhando com um sonho em cada esquina?


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