Poema publicado no livro "O guardador de abismos".
O DESTINO DA MANHÃ
Hoje, 27 de setembro de
2005, 5h39. Pensávamos que tínhamos o destino igual ao das grandes chuvas. Da
chuva que chove a noite inteira como hoje. Sem parar, na madrugada quase dia.
Pensávamos que o nosso destino fosse a chuva. Mas não só esta chuva, pois sabíamos
que com a chuva viriam os piados dos primeiros pássaros da manhã. Então
pensávamos que nosso destino fosse os piados dos primeiros pássaros da manhã,
que está chegando. E sabíamos que os pássaros
anunciavam o sol que poderia vir logo na manhã, ou em alguma manhã, ou tarde do
dia. Mas que o sol viria, e que nosso destino fosse o sol, com suas maçãs tão
doces, e que nosso destino seria como as maçãs tão doces. Tão doces como nosso
destino que acorda na madrugada quase dia, chuvosa. E a maravilha dos pássaros
que piam lá fora, partes integrantes do mundo e da chuva. E esse é o nosso
destino, o destino desta manhã, com os pios dos pássaros incessantes,
penetrando nossos ouvidos, nosso corpo, nossa alma e nosso destino sobre a
Terra.
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