segunda-feira, 5 de maio de 2014

FALTAM APENAS DOIS DIAS

O livro "O guardador de abismos" será lançado depois de amanhã, 19h, na Livraria da Travessa Ipanema no Rio de Janeiro. Você é nosso convidado e acaba de ganhar acesso a um dos poemas do livro: Depoimento poético. Boa leitura!

Para confirmar sua presença no lançamento ou seu apoio ao autor, acesse a página do evento no Facebook.


DEPOIMENTO POÉTICO

Depoimento que presta o menino poeta à menina azul Lygia Fagundes Telles, que, depois de pedir permissão ao senhor dos pássaros, disse: onde anda a menina azul que até hoje borboleteia em minha alma? Um dia a menina se perdeu em suas histórias, contadas dia a dia. O menino sempre tímido e apaixonado. Pela vida, pela aspiração da justiça para os justos e os decaídos, daquele paraíso que até hoje buscamos. Um dia, havia bolhas de sabão ao sol do inocente dia. Hoje, o aumento da gasolina tira toda a poesia do instante. Mas que fazer? Fundaremos e perfuraremos nossos poços de poesia, tiraremos o ouro do mais profundo, embora as searas estejam ameaçadas pela história do mundo.
    Sabe, querida amiga, a vida é este constante suar, este sangue que corre em nosso corpo e em nosso espírito. Te amo. Na delicadeza de teu espírito, te amo. Em minha solidão incontestável, te amo. Das bolhas de sabão, é claro, precisamos delas, para que não morramos sufocados pelo lodo da vida, que conhecemos e teremos de conhecer cada vez mais buscando as campinas. O meu medo, querida amiga, é não ser eu, e ser outro, mas não tenho medo, porque sei que o horizonte no alto das montanhas existe e ele também sou eu, que sou o outro. Menina azul, dá-me o céu para suavizar minhas dúvidas, que me amarram igual a um Prometeu.
    Prometo: te ofereço o vinho e a minha incerteza, que maravilhosamente se esboça nas mínimas coisas, que são tão bonitas! Prometo: que um dia (por que não?) poderei escrever, sem vergonha, que um dia eu vi a face dele, e meus cabelos ficaram brancos, e só fui salvo porque fui chamado, e para os chamados é dada uma alegria. Mas sabe, querida amiga, estou aí para o que der e vier. Sabendo que estás no tribunal, onde todos são réus e são vítimas da imensa e incessante face dele, e somos testemunhas de todas essas coisas. Querida amiga, dá-me tua mão, nesse momento mágico, mas não somente tua mão, mas tudo, teu espírito iluminado, e toda luz, e toda certeza que dia a dia, passo a passo, gesto a gesto, rabiscando as palavras, engendramos!

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