sexta-feira, 14 de junho de 2013

POEMA O CATADOR DE PALAVRAS, DE ANTONIO VENTURA*

Antonio Ventura participa amanhã da mesa-redonda  "A dificuldade para se entender a poesia", na Feira do Livro de Ribeirão Preto.
A seguir, o poema que deu nome à sua antologia, lançada em 2011, e a este blog.

O CATADOR DE PALAVRAS

Queria ser sábio
e conhecer todas as informações
do mundo
e do universo.
Mas sou humano.


Queria não ser palhaço
no picadeiro
deste circo,
nem pisar
na corda bamba.
Mas sou humano.


Queria dar a todos
a merecida justiça,
o merecido pão
para matar a fome.
Mas sou humano.


Queria ser o primeiro,
só para não ter a vergonha
de ser último.
Mas sou humano.

Queria ser forte
como as pedras
e como as espumas
do mar incessante.
Mas sou humano.

Queria ser feliz
e não precisar chorar
diante da tarde azul
e da primeira estrela.
Mas sou humano.

Queria ser eterno
na fugacidade
do breve instante.
Mas sou humano.

Queria ser o mágico
e tirar de minha cartola
os pássaros
e os segredos
de Deus.
Mas sou humano.

Mas ninguém poderá negar
que numa tarde
desenhei com aplicada mão
os símbolos.

E que vi,
na noite que entra,
a árvore da alegria
desenhada

nas incomensuráveis

estrelas.

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