*Débora participa amanhã da mesa-redonda "O feminino na poesia", na Feira Nacional do Livro de Ribeirão Preto.
HORA: 13h30
LOCAL: Auditório Pedro Paulo da Silva
Débora ao lado do marido, o poeta Antonio Ventura. |
Sertão
(Débora Soares Perucello Ventura)
Maria,
mulher guerreira, sofrida,
trava todos
os dias uma guerra interminável com
o dia.
Como se
fosse possível, é uma flor do sertão,
a flor que
vinga, que cresce e dá frutos,
frutos que
vingam também do ventre seco de
Maria.
Os olhos de
Maria, ninguém os tem,
são olhos
marejados de lágrimas, sol e pó;
única água
derramada sob esta terra seca,
rachada,
enrugada,
tal qual o
rosto de Maria,
mas é água
salgada, como se fosse possível
minar algo
doce dos olhos de Maria.
Xiquexiques,
palmeiras, frutos desta terra,
que ora
alimentam gado, ora alimentam Maria,
frutos
abençoados que salvam,
que vingam
desta terra, brotam dela
tal qual os
seios de Maria.
Plantas
estas cozidas na água e sal com gosto de
nada,
o mesmo nada
que preenche o coração de Maria
e alimenta
os filhos de Maria.
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