Poesia de Antonio Ventura é imortalizada
pela Academia Ribeirãopretana de Letras
Jarbas Cunha
Fotos: Renato Ventura
A solenidade de posse do poeta Antonio Ventura, na noite do
último dia 1º de fevereiro, no Teatro Municipal, foi breve e muito prestigiada.
Aberta pela presidente Rosa Maria de Britto Cosenza (e tendo como ponto alto a
participação da consagrada cantora de MPB Verônica Ferriani interpretando o
Hino Nacional Brasileiro e o Hino a Ribeirão Preto acompanhada pelo
violoncelista Jonathas Silva) teve, na mesa de honra, o representante da prefeita
Dárcy Vera, secretário da Cultura, Alessandro Maraca; o vereador Maurício
Gasparini (representando o deputado estadual Welson Gasparini); o vereador
André Silva (representando o presidente da Câmara Municipal, vereador Cícero
Gomes da Silva); o juiz Francisco Câmara Marques Pereira (representando o
Diretor do Fórum da Justiça Estadual de Ribeirão Preto, Sylvio Ribeiro de Souza
Neto); o Vice--Presidente da Academia Ribeirãopretana de Letras, Nelson Jacintho
(“padrinho” do novo acadêmico); o secretário da Academia Ribeirãopretana de Letras,
Carlos Roberto Ferriani; juiz Sansão Ferreira Barreto, Diretor do Fórum da
Comarca de Mococa/SP; o acadêmico Feres Sabino (representando o presidente da
OAB-RP, advogado Domingos Assad Stocco) e Maris Ester, presidenta da Casa do
Poeta de Ribeirão Preto e como mestre de cerimônia Amini Boainain Hauy.
Como “padrinho” da indicação acadêmica de Ventura, o
acadêmico Nelson Jacintho (ex-presidente da ARL) apresentou uma breve biografia
do poeta destacando detalhes como a sua precocidade poética (escreveu seu
primeiro poema aos 14 anos); seus mestres iniciais (Ely Vieitez Lisboa e
Vicente Teodoro de Souza); o lançamento, em 1966, do jornal literário
“Panorama”, sob supervisão do prof. Vicente Teodoro de Souza; o primeiro lugar,
em 1968, no concurso de Conto e Poesia do jornal O Diário; o primeiro lugar em Conto
e Poesia, prêmio Governador do Estado de São Paulo, em 1971; sua militância
como crítico de cinema e teatro na revista Bondinho; o período em que vendeu
seus poemas, em folhas mimeografadas, dentro do Teatro Ipanema no Rio; o ingresso,
em 1991, na magistratura do Estado de São Paulo; a fundação em 1998, do Grupo Início
de Literatura em Mococa; o lançamento, em 2011, pela Editora Topbooks, do livro
O catador de palavras, obra poética aplaudida por expoentes da literatura
brasileira como Antonio Carlos Secchin, Carlos Nejar, Mario Chamie, Álvaro Alves
de Faria, Menalton Braff e Saulo Ramos.
Profissão de
fé na literatura
Após reverenciar o imortal patrono daquela cadeira, o poeta abolicionista
Luiz Gama e o seu antecessor dr. Moisés Tractenberg, Ventura lembrou que o seu
primeiro “alumbramento com a poesia se deu logo no primeiro ano do então Curso Ginasial,
no Colégio Estadual Alberto Santos Dumont. Tinha uma professora enorme, tanto de
tamanho quanto de espírito, chamada Ely Vieitez Lisboa.
Logo nas primeiras aulas, ela leu um poema do Álvares de Azevedo,
chamado Na minha terra. Falava do vento sussurrante a tremer nos pinheiros, do
mar e da lua macilenta que vinha na praia luzir. A partir daí fui para casa e
comecei a escrever longuíssimos poemas em meus cadernos, mas todos, de
iniciante. Logo conheci um grande amigo poeta chamado Antonio Carlos Morari,
que fazia na época, Curso Clássico. Ele me introduziu na poesia moderna. Com
este amigo aprendi ser crítico de mim mesmo e aos quatorze anos fiz meu
primeiro poema moderno: Tédio. E desde então não parei de escrever. Eu
realmente morreria se me fosse proibido escrever.”
“Exaltação
ao poeta”
Todos os oradores, na sequência, destacaram a importância de
Antonio Ventura como poeta: Maurício Gasparini, o primeiro a falar após a apresentação
do padrinho e o discurso do novo acadêmico, sublinhou a admiração não apenas do
pai, o deputado Welson Gasparini, mas de toda a família Gasparini pela sua
personalidade simples e amiga, revelando o prazer que lhe proporcionou a
leitura e sucessivas releituras de “O Catador de Palavras”; André Silva, Alessandro
Maraca e Feres Sabino, na sequência, igualmente exaltaram a felicidade da ARL em
passar a contar nos seus quadros com um intelectual do porte de Ventura. Feres
destacou, inda, a presença no auditório, prestigiando a posse de Ventura, do
ex-deputado federal João Cunha, o constituinte que selou em 1988, com o voto
344, o reingresso do Brasil na democracia.
Agradecimentos
Ao final do discurso o poeta Antonio Ventura agradeceu “de
coração a todos amigos e colegas, poetas e escritores, que ajudaram a tornar a
Solenidade desta noite em realidade, especialmente aos nobres Julgadores. Meu
agradecimento à minha família, minha esposa Débora Soares Perucello Ventura,
meus filhos Antonio Perucello Ventura, Renato Batista Ventura e Nubia Regina
Ventura, que acompanham minha vida literária, dando-me consolo e entusiasmo.”
E finaliza: “Não estou aqui apenas para entrar para os anais
da Academia Ribeirãopretana de Letras, estou aqui para servir. Humilde, pequeno
e nu. Muito honrado.” Culminando a programação, Ventura e Débora recepcionaram
os amigos e convidados com coquetel light, nas dependências da Casa da Cultura
(ao lado do Teatro Municipal), preparado pelo Buffet Black Tie.
Elogios ao
Patrono Luiz Gama e ao antecessor Moisés Tractenberg
A propósito do patrono da cadeira número 11, Luiz Gama,
Ventura ressaltou a condição de Luiz Gama como escravo e também como homem
livre, que conseguiu ser advogado provisionado e um grande revolucionário e
defensor da causa Abolicionista, ao lado de Castro Alves, Rui Barbosa, Joaquim
Nabuco, além de ter sido poeta e jornalista renomado.
Ponto alto do discurso sobre Luiz Gama foi quando Ventura
assim invocou a sua infância: “Encerro minha fala sobre Luiz Gama, com mais um
encontro entre poetas: dizendo que eu quando criança, em Ribeirão Preto,
adorava brincar nos fundos da minha casa, numa rua chamada Luiz Gama e que
tantas vezes corri por esta rua da minha infância. Pés descalços como escravo e
livre como menino.”
DR. MOISÉS TRACTENBERG
Sobre a vida e a obra de Moisés Tractenberg assim se
expressou Ventura: “Moisés ocupava a Cadeira nº 11 da Academia Ribeirãopretana
de Letras. Pertencia também ao Grupo de Médicos Escritores e Amigos Dr. Carlos
Roberto Caliento, de Ribeirão Preto. Era gaúcho. Foi médico e bacharel em
Filosofia pela Universidade do Rio Grande do Sul, psicanalista pela
“Associacion Psicanalitica Argentina” e Análise Didática. Foi professor em
Buenos Aires e Rio de Janeiro. Publicou trabalhos no Brasil, Argentina, Estados
Unidos e Inglaterra. Fundou e foi Presidente do Departamento de Psicologia
Médica e Psicoterapia do Centro Médico de Ribeirão Preto, nos anos de 2010 e
2011. Tem os seguintes livros publicados: “Crônicas Psicanalíticas”, “Os
Fatores Curativos em Psicanálise”, “Psicanãlise da Circuncisão”, “A Psicanálise
e os psicanalistas do século XXI”, “Abraão, Sahra e Agar”, e Judaism,
Christinism, Islamismand Circuncisio”.
Ventura ressaltou ainda: “Moisés foi pai bondoso, avô,
esposo e companheiro. Teve três filhos: Décio Martim Tractenberg, Leonel
Estevão Tractenberg, Regis Selmon Tractenberg e dois netos, Lucas e Carolina.
Perdemos o homem, o cidadão, o amigo, mas não perdemos os seus ensinamentos.”
Matéria excelente! Narrado na íntegra! Parabéns!!!
ResponderExcluirParabéns à Academia Ribeirãopretana de Letras pelo novo membro, o Grande Poeta Antonio Ventura!