sexta-feira, 18 de maio de 2012

O DESTINO DA MANHÃ

Ilustração: Antonio Ventura

       Hoje, dia 27 de setembro de 2005, 05:39 horas. Pensávamos que tínhamos o destino igual ao das grandes chuvas. Da chuva que chove a noite inteira como hoje. Sem parar, na madrugada quase dia. Pensávamos que o nosso destino fosse esta chuva. Mas não só esta chuva, pois sabíamos que com a chuva viriam os piados dos primeiros pássaros da manhã. Então pensávamos que nosso destino fosse os piados dos primeiros pássaros da manhã, que está chegando. E sabíamos que os pássaros anunciavam o sol que poderia vir logo na manhã, ou em alguma manhã, ou tarde do dia. Mas que o sol viria, e que nosso destino fosse o sol, com suas maçãs tão doces, e que nosso destino seria como as maçãs tão doces. Tão doces como nosso destino que acorda na madrugada quase dia, chuvosa. E a maravilha dos pássaros que piam lá fora, partes integrantes do mundo e da chuva. E esse é o nosso destino, o destino desta manhã, com os pios dos pássaros incessantes, penetrando nossos ouvidos, nosso corpo, nossa alma e nosso destino sobre a Terra.        

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