O blog RECONTEXTO LITERÁRIO acaba de publicar a seguinte entrevista de Antonio Ventura.
Arrisquei um contato com Antonio Ventura, escritor que venho acompanhando pelo Facebook desde outubro de 2011. Gosto de prestigiar minha rede de escritores naquele site de relacionamentos e Ventura fora um dos que me fez seguir cada post, visitar blogs, sempre me fazendo presente nas mídias de divulgação de nossos amigos e artistas contemporâneos.
ENTREVISTA
Fale-nos um pouco de sua biografia como pessoa e poeta.
Arrisquei um contato com Antonio Ventura, escritor que venho acompanhando pelo Facebook desde outubro de 2011. Gosto de prestigiar minha rede de escritores naquele site de relacionamentos e Ventura fora um dos que me fez seguir cada post, visitar blogs, sempre me fazendo presente nas mídias de divulgação de nossos amigos e artistas contemporâneos.
Nas lutas eternas com
palavras vãs e sempre desafiadoras, por que não ousar tê-lo como primeira
postagem de 2012? Conversamos com a sua assessoria e, de pronto, Antonio
Ventura nos respondeu com um "SIM, TOPO SER ENTREVISTADO PELO BLOG
RECONTEXTO LITERÁRIO".
E estamos aqui. Apresentando, com muita alegria, o primeiro
post do ano com Antonio Ventura. Esperamos que seja somente o primeiro de
muitos, pois continuo acompanhando a peregrinação do autor em prol da divulgação
de sua poesia. E, quero que através deste blog, muitos que escrevem e começam
os seus blogs para encontrarem na escrita um ofício, possam espelhar-se nos
ensinamentos do "Catador de Palavras".
Antonio, fica aqui o nosso MUITO OBRIGADO.
ENTREVISTA
Fale-nos um pouco de sua biografia como pessoa e poeta.
Nasci em Ribeirão Preto , em 06 de junho
de 1948. Meu pai tinha uma chácara num bairro afastado da cidade. Lá passei
minha infância, até os sete anos. Lá o sol nascia resplandecente, e banhava o
quintal, o pomar, as árvores enormes, a casa com piso de tijolos e janelas
abertas ao vento. Meu pai era lavrador e minha mãe cuidava da casa e dos filhos
pequenos, jogava milho para as galinhas no quintal e tratava dos porcos no
chiqueiro. O fogão a lenha estalava madeira seca e esquentava a gente e as
panelas de ferro. O mundo não ia além do pequeno rio que corria em minha
aldeia.
Meu primeiro alumbramento com a
poesia se deu logo no primeiro ano do Curso Ginasial, no Colégio Estadual
Alberto Santos Dumont. Tinha uma professora enorme, tanto de tamanho quanto
de espírito chamada Ely Vieitez Lisboa. Logo nas primeiras aulas ela leu um
poema do Álvares de Azevedo, chamado Na minha terra. Falava do vento
sussurrante a tremer nos pinheiros, do mar e da lua macilenta que vinha na praia
luzir. A partir daí fui para casa e comecei a escrever longuíssimos poemas em
meus cadernos, mas todos poemas de iniciante. Logo conheci um grande amigo poeta
chamado Antonio Carlos Morari que já cursava o Curso Clássico que me introduziu
na poesia moderna. Com este amigo aprendi ser crítico de mim mesmo e aos
quatorze anos fiz meu primeiro poema moderno: Tédio. Depois cursei o Curso
Clássico, no mesmo colégio.
Em 1967 promovi, juntamente com
outros jovens poetas, a Primeira noite de poesia moderna em praça
pública, em Ribeirão
Preto , e em 1969 outra noite de poesia moderna em praça
pública, na cidade de Rio Claro, também interior de São Paulo, juntamente com o
jovem poeta Jaime Luiz Rodrigues.
Ganhei vários concursos
literários em Ribeirão
Preto e Região. Em 1969 ganhei a primeira menção honrosa no
Concurso Nacional de Contos, promovido pela Academia Catarinense de letras de
Florianópolis, do Estado de Santa Catarina. Em 1971 ganhei primeiros lugares em
conto e poesia, prêmio Governador do Estado, promovido pela Secretaria de
Cultura do Estado de São Paulo.
Em 1969 fui para São Paulo,
trabalhei como jornalista na revista Bondinho, fazia crítica de cinema e
teatro.
No início de 1972 fui para o Rio
de Janeiro, onde comecei a vender meus poemas mimeografados, dentro do Teatro
Ipanema. Foi uma fase muito rica para mim, tanto de vida como de atividade
poética. Fiz parte da chamada poesia marginal, ou geração
mimeógrafo.
Em 1970 iniciei correspondências
com a escritora Lygia Fagundes Telles, uma de minhas principais incentivadoras.
Em 1977 mantive correspondências com o escritor Osman Lins, que me ensinou a
depuração e novas formas de linguagem.
Em novembro de 1991 ingressei na
Magistratura do Estado de São Paulo e em 2002 aposentei-me como
magistrado.
– Quem
é Antonio Ventura? E quem é O
catador de palavras?
Vale aqui o que escreveu Menalton Braff: “E assim como
Antonio Ventura está em sua poesia, sua poesia está em Antonio
Ventura ”. E enfatiza: “O poeta
é sua
poesia porque são duas instâncias que
não se
podem separar”. Então, é difícil separar o homem e sua poesia, mesmo porque minha
poesia é pessoal, é poesia vivida,
como bem observou também Mário Chamie.
–
Fale-nos dos lançamentos de O catador de
palavras.
O catador de palavras é a
trajetória de toda uma vida de poesia vivida. Tem desde o primeiro poema
moderno, Tédio, até poemas da maturidade. O primeiro lançamento do livro deu-se
na Livraria da Travessa, em Ipanema, em setembro de 2011, no Rio de Janeiro.
Contei com as generosas presenças de Carlos Nejar, Antonio Carlos Secchin,
poetas da Academia Brasileira de Letras, o primeiro fez a Apresentação do livro
e o segundo a quarta capa. Além de outros ilustres convidados, como Sábato
Magaldi, um dos mais conceituados críticos de teatro do Brasil, também da
Academia Brasileira de Letras, e sua esposa Edla Van Steen, escritora, além de
vários críticos literários e outros conhecidos e amigos. Em outubro fiz
lançamento em Ribeirão
Preto e tive a felicidade de contar com a presença de mais de
cem pessoas. Em novembro fiz lançamento na Livraria Cultura, de São Paulo, onde
estiveram presentes quase cem pessoas. Em dezembro fiz lançamento em Mococa, com
a presença também de mais de cem pessoas amigas. E também em dezembro lancei O
catador de palavras no Clube de Regatas, de Ribeirão Preto.
– O
verdadeiro poeta é quem se
norteia por rima? Que dica o senhor deixa para quem
começa?
Grandes poetas da humanidade
fizeram suas obras com base nas formas rígidas, onde a rima era indispensável,
além do ritmo e métrica. Mas a grande revolução foi o movimento da poesia
moderna, que ocorreu não somente no Brasil. Ela veio justamente com a
modernidade histórica, e libertou os poetas das formas rígidas. Não que a poesia
moderna seja por isto mais fácil de ser feita. Ela exige também ritmo, emoção,
melodia, imagens etc, enfim, tudo que a poesia exige para se diferenciar da
prosa.
Para os jovens poetas recomendo
que leiam muito, principalmente os grandes poetas, os clássicos, os modernos, e
escrevam muito também. Porque escrever para o escritor ou poeta, é uma forma de
viver e respirar. É uma necessidade tal que o poeta morreria se lhe fosse vedado
escrever.
Recomendo também para que o
jovem poeta seja um grande crítico de si mesmo. Procure seu ritmo e não se
contente com formas já usadas. As palavras estão todas aí, é só penetrar o
invisível para buscá-las.
– Como o
senhor recontextualizaria a sua geração de poetas – eco dos
anos 70 – nos dias de hoje? Em tempo de tecnologia, velocidade,
informação, O catador de palavras traz algo do passado
para plantar no presente?
O
poeta Drummond disse em um de seus poemas: “E como ficou chato
ser moderno, agora serei eterno”. A grande poesia
é
atemporal, ela percorre os tempos e estará sempre jovem e
viçosa, quando realmente é poesia. A sua
essência é ser eterna. A minha experiência como poeta
marginal foi muito rica e marcou a história. Mas a poesia pode ser eterna e
indicar caminhos.
Hoje existe muita gente jovem
escrevendo bem em seus blogs, sites. A internet será a grande revolução para a
poesia.
– O poeta
é uma missionário?
O poeta que realmente morreria
se lhe fosse vedado escrever, naturalmente se torna um missionário, pois faz da
poesia sua obra maior. Mas antes de tudo, o poeta é um visionário, penetra os
mundos paralelos do passado, do presente e do futuro, e nos traz à tona verdades
que nunca sonhou nossa vã filosofia.
Para acessar a publiação original, acesse o blog: RECONTEXTO LITERÁRIO
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