Ilustração: Marcos Irine |
Os sonhos tecemos lentamente,
porque esse caminho onde pisam nossos passos
é feito de história.
Você nasce e ganha um corpo
feito do corpo dele.
Então aprendemos
que somente ele tem o poder de dar.
É por isso que procuramos sua indefinida tecitura,
e o tocamos com nossas mãos
carentes de mais amor.
Como divina virtude e proteção,
já que é realmente divino
este que toca sua pele, com esta caneta,
nesta fina e branca folha!
Todos, hoje,
neste sábado de carnaval de 1977,
dançam seus corpos suados de estranha alegria
que nem sempre é autenticamente alegre!
A minha alegria
é dançar nesta folha branca, onde escrevo.
Sei que igual a esses soberbos dançarinos,
se quiser me ver forte nessa dança
(ora divina, ora macabra)
precisarei suar copiosamente
nessa dança
nesta folha branca!
Suar à luz do grande sol!
Suar e cair em gotas, formando palavras
nesta folha branca.
Essa vai ser a premissa
de meu carnaval original,
prata pura sobre a tristeza
da terra!
Simplesmente lindo. Adorei.
ResponderExcluirObrigado, Priscila. Um abraço.
ResponderExcluir