sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

O poeta e seu tempo...


       Antonio Ventura comprova neste “Soneto de Natal” que o poeta deve estar antenado ao seu tempo, atento aos menores ruídos dos fatos, dando nome aos caminhos da humanidade, anunciando e profetizando os fragmentos que confinam e exilam o homem de sua vocação mais elevada.

     Propositadamente, os versos se repetem nos dois quartetos e no último terceto, como se fossem o bordão publicitário do grande advento da humanidade. A repetição não é involuntária, e a simplicidade dos versos é um signo da comunicação apurada de nossos dias. Vive-se a massificação de tudo, incluindo-se a globalização da fé, em escala multinacional.

     Ao anunciar o nascimento do “bebê de Rosemary” – explica o poeta – “é uma alusão ao famoso filme homônimo de Roman Polanski e ao bebê gerado depois de um ritual satânico. É uma óbvia constatação que novas religiões proliferam em escala mundial, disseminando uma variedade de crenças”.

     Incômodo, ou não, o “Soneto de Natal” é um sinal dos tempos: tempo de divisão, de fragmentos, de cacos. Tempo marcado pelos sentimentos dos homens em perene antagonismo. A fé, nesse contexto, não consegue esconder os seus caminhos bifurcados e às vezes hostis.

     O “Soneto de Natal” revela as contradições captadas exemplarmente pelo poeta Antonio Ventura.
                                         

Paulo Celso Pucciarelli
Publicado no Jornal “A Mococa”, no dia 23 de Dezembro de 2000.

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