Antonio Ventura
comprova neste “Soneto de Natal” que o poeta deve estar antenado ao seu tempo,
atento aos menores ruídos dos fatos, dando nome aos caminhos da humanidade,
anunciando e profetizando os fragmentos que confinam e exilam o homem de sua
vocação mais elevada.
Propositadamente, os versos se repetem nos
dois quartetos e no último terceto, como se fossem o bordão publicitário do
grande advento da humanidade. A repetição não é involuntária, e a simplicidade
dos versos é um signo da comunicação apurada de nossos dias. Vive-se a
massificação de tudo, incluindo-se a globalização da fé, em escala
multinacional.
Ao anunciar o nascimento do “bebê de
Rosemary” – explica o poeta – “é uma alusão ao famoso filme homônimo de Roman
Polanski e ao bebê gerado depois de um ritual satânico. É uma óbvia constatação
que novas religiões proliferam em escala mundial, disseminando uma variedade de
crenças”.
Incômodo, ou não, o “Soneto de Natal” é um
sinal dos tempos: tempo de divisão, de fragmentos, de cacos. Tempo marcado
pelos sentimentos dos homens em perene antagonismo. A fé, nesse contexto, não
consegue esconder os seus caminhos bifurcados e às vezes hostis.
O “Soneto de Natal” revela as contradições
captadas exemplarmente pelo poeta Antonio Ventura.
Paulo Celso
Pucciarelli
Publicado no Jornal
“A Mococa”, no dia 23 de Dezembro de 2000.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe aqui o seu comentário ou mensagem para o autor.