Ilustração: Tânia Jorge |
As noites do rei estão repletas de mortos
em valas fundas e coletivas
no negro frio da noite, da floresta.
Eu não, eu pássaro, eu menino.
Os dias do rei são de espertezas, traições,
ciladas, facas traiçoeiras, de repente.
O sangue ao sabor de simples vento.
O sangue do homem vampiro
escorrendo do pescoço da vítima desavisada.
Eu não, eu pássaro, eu menino.
Nas noites do rei não só o horror da morte
mas da carnificina, povoa seus sonhos,
sua consciência e não encontra vento
nem ar, na densa floresta de abutres.
Eu não, eu pássaro, eu menino.
Mas o rei dorme feliz, porque ele é o rei,
é a faca que sangra, o tiro certeiro
na pureza de Maria, no seio de Maria,
e nos filhos sem pais e sem Maria.
Eu não, eu pássaro, eu menino.
Deixe que o rei manche de sangue sua espada
mate as criancinhas e as crianças e os meninos.
Usurpe da coroa nem de prata mas de lata.
Deixe que o rei deite em leito com seus fantasmas
deixe que o rei durma com seus mortos,
pois morto, morto, um dia será o rei posto.
Eu não, eu pássaro, eu menino.
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Poesia, é pura poesia. Parabéns, Antonio Ventura, estou te seguindo de perto. Abraços!
ResponderExcluirBoa noite!!!
ResponderExcluirSem comentários,muito boa sua poesia
Mas que triste rei que dorme feliz em meio a sua pura maldade.