segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

BALADA DO REI E O MENINO


Ilustração: Tânia Jorge


As noites do rei estão repletas de mortos
em valas fundas e coletivas
no negro frio da noite, da floresta.


Eu não, eu pássaro, eu menino.


Os dias do rei são de espertezas, traições,
ciladas, facas traiçoeiras, de repente.
O sangue ao sabor de simples vento.
O sangue do homem vampiro
escorrendo do pescoço da vítima desavisada.

Eu não, eu pássaro, eu menino.

Nas noites do rei não só o horror da morte
mas da carnificina, povoa seus sonhos,
sua consciência e não encontra vento  
nem ar, na densa floresta de abutres.
        
Eu não, eu pássaro, eu menino.

Mas o rei dorme feliz, porque ele é o rei,
é a faca que sangra, o tiro certeiro
na pureza de Maria, no seio de Maria,
e nos filhos sem pais e sem Maria.
           
Eu não, eu pássaro, eu menino.
          
Deixe que o rei manche de sangue sua espada
mate as criancinhas e as crianças e os meninos.
Usurpe da coroa nem de prata mas de lata.
Deixe que o rei deite em leito com seus fantasmas       
deixe que o rei durma com seus mortos,
pois morto, morto, um dia será o rei posto.
         
Eu não, eu pássaro, eu menino.

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2 comentários:

  1. Poesia, é pura poesia. Parabéns, Antonio Ventura, estou te seguindo de perto. Abraços!

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  2. Boa noite!!!
    Sem comentários,muito boa sua poesia
    Mas que triste rei que dorme feliz em meio a sua pura maldade.

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